quarta-feira, 9 de maio de 2012

Vamos no pano mesmo!

Boas!

Em algumas postagens aqui no blog e em grupos ou fóruns náuticos eu termino a mensagem com a frase "Vamos no pano mesmo!".  Há uma historinha por trás disso.

Em 30/10/2009 eu, a Priscila e a Brida (a Alice não era nem projeto) decidimos fazer um mini-cruzeiro de Santos até Bertioga no Brisa, nosso Daysailer. A epopéia está registrada aqui, mas apenas no essencial. Houve muito bastidores e a frase foi cunhada no auge deles!  

Eu achei que ir apenas na vela seria complicado, pois conhecia o canal de bertioga  e sabia que havia lugares apertados, com facilidade de encalhar e pouco vento. Além disso, havia a travessia de balsas, que em pleno feriado prolongado (finados) seria complicada de fazer caso não tivesse vento. Foi então que depois de muito procurar um motorizinho de popa baratinho, encontrei lá no centrão de São Vicente uma "lojinha"que vendia peças de museu em excelente estado. Tinha até garantia, mas com a ressalva de que "até avião quebra...". Pois é... pela bagatela de R$ 500,00 levei para casa um motor de popa Johnson 2 hp, que pagava na primeira (na primeira hora de puxadas!) e dava choque... 

Barco pronto, cheio de tralhas, lá fomos nós. Passamos a balsa no motor (que funcionou honestamente) e na altura do Iate Clube de Santos o desligamos. Seguimos pelo canal do porto no vento, na maior alegria. 

Na entrada do canal de bertioga existe uma ponte de linha férrea, elevadiça. Por conta da altura do mastro (a ponte tem apenas quatro metros de altura em relação à maré mais baixa),  é preciso esperar que o operador erga uma seção. Era meio dia em ponto e o tal operador saiu para almoçar. Fundeamos, baixamos as velas e esperamos. MAS, nisso, o operador nos viu ali, esperando, ficou com pena e voltou  pedalando sua "barra circular" para erguer a ponte... 

Foi ai que a dificuldade começou!

O valente Johnson 2 hp!

Liguei o motor e, "just in case", subi as velas de novo. Toquei a meio nó em direção à passagem. O referencial nessas horas é péssimo e sempre parece que vai bater... Eu então conferi coma Priscila se daria para passar, e ela bastante decidida respondeu: "- Não sei".

Quando chegamos bem pertinho da ponte, motorzinho roncando, o operador gritou algo parecido com: "- Volta!". A Priscila, então, me "sugeriu", com sua habitual calma: "- Volta, volta, volta!!!"... e a besta aqui voltou. Nisso, vi o operador sinalizando freneticamente para passarmos, pois a altura já era suficiente (e ele , na verdade, só queria saber que horas voltaríamos, para se programar... -"Que horas vc VOLTA?").

Eu, então, girei a proa cento e oitante graus, colocando o nariz no rumo da ponte. Motorzinho roncando. Porém, justo na entrada da passagem um saco de lixo prendeu no hélice, travando o motor! Maré contra, vento contra, espaço apertado, velas panejando e lá fui eu dar um puxão para ligar o valente 2 hp (rezando que ele funcionasse). Pois é... nisso, o cabo de partida veio soltinho na minha mão!!! - mas de primeira, ok?!

Era lutar ou morrer! Era a honra da família em jogo! Foi então que eu gritei: "- Vamos no pano mesmo!".

Nascia um bordão.

Passamos "no pano", bordejando embaixo da ponte e passando de raspão pelos pilares de concreto (a Brida, com sua imaginação sempre vívida, imaginava que usaríamos um pano ou uma toalha para passarmos, vejam só!). Na verdade,  fizemos toda a travessia, ida e volta, no pano mesmo - pois o motor ensaiou funcionar novamente nas Marinas Nacionais, mas foi só um ensaio.

Desde então, quando lá por casa passamos por alguma dificuldade, não raro nos pegamos dizendo uns para os outros: "Vamos no pano mesmo!"

Ah! E que fim levou o motor?!

Pois é. 

Eu  acabei doando o motorzinho para um dos ajudantes da Náutica Sangava, o Messias, para que ele fizesse bom uso.

E tempos depois  lá fui eu procurar outro motorzinho, pequeno, baratinho... até que encontrei o mesmo Johnson 2 HP no centrão de São Vicente, numa "lojinha" que vendia peças de museu em perfeito estado, com garantia, mas limitada aos termos: "- Até avião quebra".

Comprei um Sailor 3,6 HP na Velamar. Mas esse já é outro causo!

E vamos no pano mesmo!



8 comentários:

  1. Grande Juca!! É assim mesmo!! Nas dificuldades que a gente cresce!! Parabéns pela narrativa e pela velejada!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vamos que vamos, meu amigo No pano mesmo!!!
      Ah vendi o motor! Vou comprar outro, novo, só não sei qual ainda pq o 9.9 da mercury não tem rabeta longa. Bons ventos!

      Eliminar
  2. Fantástico Juca!!

    Vc aceita plágio? Acho que vou adotar o seu jargão em casa também.
    Aliás, que delícia seus últimos posts, adorei e aprendi muito.
    Continue no rumo que nós vamos te seguindo.

    BV

    Paulo
    veleiro Bepaluhê

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Opa meu amigo, pode usar e abusar!!! Muito bom tê-los a bordo! Bons ventos, sempre!

      Eliminar
  3. Como dizemos por aqui:
    - Essa foi uma velejada "arretada"!!!

    VOLTAAA!!! ou VOLTAAA??? kkkkk Fantástico!!!

    Ainda tô procurando um Daysailer descente para comprar...

    Abração,

    Roberto
    João Pessoa/PB

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Putz, O Day é um barcão! Tem cockpit maior do que muito barco de oceano (o meu incluído). Quando eu ficar rico terei um de novo!!!

      Eliminar
  4. Juca, boa noite
    te mandei um e-mail no yahoo... aguardo seu retorno.

    Abraços Renato Mendes

    ResponderEliminar