segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Alterações na NORMAM 03

Boas!

Em 2011 a NORMAM 03 - Norma da Autoridade Marítima que regulamenta  Amadores, Embarcações de Esporte e/ou Recreio e para Cadastramento e Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades Desportivas Náuticas sofreu alterações nos meses de junho e dezembro.

A modificação mais interessante diz respeito à racionalização do uso de pirotécnicos em embarcações registradas como de navegação interior, seja na área 01 (a realizada em águas consideradas abrigadas, tais como hidrovias interiores, lagos, lagoas, baías, angras, rios, canais e áreas marítimas, onde normalmente não sejam verificadas ondas com alturas significativas e que não apresentem dificuldades ao tráfego das embarcações (arrais Amador, veleiro e motonauta)), seja na área 02 (a realizada em águas consideradas abrigadas, tais como hidrovias interiores, lagos, lagoas, baías, angras, rios, canais e áreas marítimas, onde eventualmente sejam verificadas ondas com alturas significativas e/ou combinações adversas de agentes ambientais, tais como vento, correnteza ou maré que apresentem dificuldades ao tráfego das embarcações (arrais Amador, veleiro e motonauta)).

A partir de 09 de janeiro de 2012, essas embarcações estão dispensadas do uso de artefatos pirotécnicos. A exceção são as embarcações de grande porte (maiores do que doze metros), que deverão portar apenas "um facho manual luz vermelha"  - seção 0417. Antes, as embarcações nessa situação estavam obrigadas a portar, em navegação interior, dois fachos manuais luz vermelha e um sinal fumígeno laranja).



A dotação mínima de pirotécnicos também sofreu alterações, nas quantidades, quando a singradura se der nas áreas costeira ou oceânica. Eis a nova regra:


"0417 - As embarcações de esporte e/ou recreio deverão estar dotadas de
artefatos pirotécnicos, obedecidas as seguintes condições:
Quando em navegação costeira – dois foguetes manuais de estrela vermelha com paraquedas, dois fachos manuais luz vermelha e dois sinais fumígenos flutuantes laranja; e 
Quando em navegação oceânica – quatro foguetes manuais de estrela vermelha com paraquedas, quatro fachos manuais luz vermelha e quatro sinais fumígenos flutuantes laranja.
Quando em navegação interior – apenas as embarcações de grande porte, um facho manual luz vermelha".



ATENÇÃO: o refletor de radar continua a ser exigido apenas para embarcações empregadas em "navegação de mar aberto, costeira ou oceânica", ou seja, nas áreas 01 ou 02 de navegação interior esse item continua sendo dispensável - seção 0418.

E vamos que vamos!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Roteiro - Paraty - Saco da Velha, Saco de Mamanguá e Ilha do Cedro

Boas!

Nos dias 01, 02 e 03 de janeiro de 2012 eu e a Priscila fizemos um  pequeno cruzeiro pela região oeste da Baía da Ilha Grande (Paraty), sem as crianças. Como foi algo bem bacana, decidi disponibilizar as informações principais aqui no blog, que em 2012 tende a ter menos relatos  de velejadas e priorizar informações técnicas e dicas do dia a dia de quem passa a vida por ai, vivendo de brisa, de praia em praia...

01 de janeiro de 2012

Boa Vista - Saco da Velha - 7.5 milhas

Saímos da Pier 46 por volta do meio dia. Havia previsão de um SW forte para às 18h00. Seguimos direto para o Saco da Velha (23°12'838S - 44°37'503W). O lugar vale muito a pena! Relativamente abrigado e com águas cristalinas. É possível chegar bem perto da praia (mas bem perto, mesmo!). A menos de dez metros da areia ainda temos seis metros de profundidade. Há um bar com excelente serviço (e preço dentro dos padrões da normalidade - peixe frito - R$ 50,00). No bar pergunte onde fica a caverna. É imperdível!

Obs.: Passamos entre a Ilha Comprida e a Ilha do Catimbau sem problemas. Nosso calado é 1,47m.

O Saco da Velha em uma tarde nublada.

Saco da Velha  - Ilha da Cotia - 1,9 milhas

Levantamos o ferro às 17h30 e seguimos para a Ilha da Cotia, onde pernoitamos. Encontramos o SW com chuva forte na enseada de Paraty Mirim.  Passar o primeiro dia do ano levando chuva e vento frio na cachola está virando uma tradição...  Ancoramos em 23°13'603S - 44°38'460W, lançando dez metros de corrente. Abrigo completo, barco grudado na água. Noite perfeita.


Chegada na Ilha da Cotia





02 de janeiro de 2012

Ilha da Cotia - Saco do Mamanguá - Ilha da Cotia - 11,8 milhas

Saímos logo após o café da manhã (09h00) com destino ao Saco do Mamanguá. Antes, passamos bem pertinho de Paraty Mirim (lugar que a Priscila adora). O vento estava contra e iniciei o ataque ao Mamanguá no motor, com expectativa de voltar em um belo de um vento de popa (que na verdade eu não gosto muito). Fomos margeando o lado de boreste (de quem entra), a dois nós. Seguimos até a ponta do bananal (23°17' 194W - 44°38'532S), com quatro metros de profundidade. Depois desse ponto a indicação da carta indica águas muito rasas. Vi algumas lanchas avançando, mas preferi fazer a volta e abrir a genoa. Havia uma família em um veleiro vindo de longe ancorada por lá... 

O vento rondou e ficou no nariz, de novo! Continuamos no motor, novamente a dois nós, mas costeando a margem oposta (bombordo de quem entra). Que lugar fantástico!!! Consta que é o único fiorde brasileiro (na verdade, para ser tecnicamente preciso, é uma "ria", pois não data da era glacial nem adveio da ação de gelos, sendo um leito de rio que termina em estuário). Os oito quilometros de extensão têm a mesma distância entre as margens e são ladeados por belas montanhas, repletas de mata preservada, onde belas mansões dividem espaço com casas simples de caiçaras.

Tentamos ancorar na Vila do Cruzeiro (23°15'979 - 44°37'314), onde ouvimos falar muito bem da comida. Mas nesse momento o tempo virou e abortamos o fundeio. Cortamos o motor e fomos na vela, em belos e bem inclinados bordos, a cinco nós! Seguimos assim até o final do saco, na altura da ponta do buraco (23° 14'276S - 44°35'960W). O plano era seguir até Cajaíba (23°16'030S - 44°34'907), mas o mal tempo desaconselhou. Voltamos para a Ilha da Cotia. Foi a decisão acertada, pois o vento (SW) apertou muito, pelo menos até às 18h00m quando o sol, enfim, voltou a brilhar e Eólo foi se deitar.

Lá pelas 18h30 decidimos mergulhar. Vestimos as roupas (a água estava quente, mas o ar muito frio!) e quando percebemos estavamos nadando entre raias (ou arraias, ambos os termos estão corretos). Na volta para o Cusco, percebemos uma certa agitação na pequena enseada da Ilha da Cotia. Era um pesqueiro, vendendo uns peixinhos e camarões. Compramos três robalos (por R$ 5,00 os três!) que fizemos fritos no azeite, com sal e alho. Com certeza foi o melhor robalo que já comi! As melhores coisas da vida são quase de graça...

A noite foi de muitas estrelas, algumas cadentes. E no barco adotamos o naturismo.


  Paraty Mirim
 Paraty Mirim à popa
 O início do Mamanguá. Ao final o sol ensaiava aparecer...


 O "final" do Mamanguá, na ponta do bananal

 Canoa caiçara na ponta do bananal

 Visitantes de longe... Na popa "The British Red Ensign", a bandeira vermelha com a "Union Flag" no canto, usada pelas embarcações civis do Reino Unido desde 1674 (pelo menos).
 Vila do Cruzeiro
De volta à Cotia, a Priscila nadou até a peixaria.





03 de janeiro de 2012

Ilha da Cotia - Ilha do Cedro - Boa Vista - 14,7 milhas

No dia 03 saímos por volta das 09h00 com destino à Ilha do Cedro (23°04'205S - 44°38'653W).Sabíamos que seria nosso último dia sem apoio, pois a água e a gasolina estavam no fim. O tanque do Cusco tem míseros 30 litros e levamos outros 30 em garrafas... mas ficou claro que não seria suficiente. De gasolina ainda tínhamos 20 litros, o que daria para ir até o Cedro e retornar para a marina. Mas não foi preciso! Após quatro milhas, na altura da Ilha Comprida, abri as velas e desliguei o motor. Fizemos a travessia em duas horas e meia, mantendo os quatro nós como média. Uma delícia de través. Fiquei tão empolgado que não subi o gennaker apenas porque não tenho (ainda) a adriça.

Passamos o dia no Cedro, que tem abrigo e um restaurante com ducha de água doce e banheiro (apoio!). O plano inicial era ir até Tarituba (23°02'997 - 44°35'662) e depois dormir no Cedro, mas a saudade das meninas falou mais alto e tocamos para a marina, voltando no vento até a Ilha da Bexiga, com picos de seis nós! 

A única precaução que essa rota traz são três lajes bem a flor da água, a rasa (23°07'328 - 44°39'160), a funda(23°07'954S - 44°39'470) e a perdida (23°08'544S - 44°41'052W). Ficar no alinhamento entre a Ilha Rapada e a Ilha do Cedro é um risco e tanto. Por isso tanto na ida quanto na volta costumamos ganhar muita altura e só depois avançar. ATENÇÃO!

 Deixando a Ilha da Cotia (de novo!)

 O Zé, nosso piloto automático, tocou o barco durante toda a velejada!


 Chegando na Ilha do Cedro



Voltando para casa


E vamos no pano mesmo!

OBS.: As distâncias são estimadas. As coordenadas devem ser corrigidas antes de serem plotadas, estão no sistema WGS 84 e devem ser adotadas como mero referencial, não dispensando que cada navegante faça sua própria navegação.

Férias!


Pois é, tudo que é bom dura pouco e passa rápido. Foi assim com nossas férias.

Passamos vinte dias a bordo do Cusco Baldoso, sendo quinze  ininterruptos e três, em especial, sem pisar em terra. Teve de tudo um pouco: sol, chuva, visitas de pessoas amadas, visitas a pessoas queridas, algumas ausências (Stark e Schimels, v.g.), festa de aniversário, festa de ano novo, arraias, golfinhos, tartarugas, estrelas do mar... e desses punhados de bons momentos construímos belas lembranças. Afinal, existe algo mais importante na vida do que os pequenos bons momentos, ao lado daqueles que nos são caros? Duvido.

E vamos que vamos, sempre!