domingo, 25 de novembro de 2012

Travessia 14 Bis

Boas!

No dia 25 de dezembro de 1999 eu e meu amigo Carlos Teobaldo fizemos nossa primeira travessia: de Santos à Bertioga, de caiaque. Foi ai que conheci o canal de bertioga. Depois disso, pelo menos uma vez por mês fazia esse trajeto, saindo do Clube de Regatas Santista (hoje demolido) e indo até o Forte São João.  Eu me achava o máximo, pois a distância era considerável e em menos de cinco horas a cobria com certa facilidade.

Já velejador, em 2005 e após alguns anos sem fazer esse trajeto, peguei meu caiaque vermelho Ferrari e me lancei ao mar. Ao chegar nas proximidades da Base Aérea de Santos  percebi uma movimentação estranha, que persistiu ao longo de todo o canal: vários barcos a motor, alguns poucos caiaques e muitos NADADORES!

Eu ainda não sabia, mas uma vez por ano acontece a travessia 14 Bis, uma bela prova de natação organizada pela Aeronáutica que começa na Base (que fica em frente ao porto de Santos) e termina, justamente, no Forte São João, em Bertioga. Eu que me achava o máximo por fazer aquele trajeto todo no remo, me senti um pouco diminuído em minhas habilidades ao ver que muita gente fazia o mesmo, mas usando o próprio corpo como embarcação!

No início do mês de outubro recebi um e-mail do Felipe Prado, que estava estudando com afinco as peculiaridades do canal e me encontrou na internet por conta do roteiro de navegação do canal. Achei muto interessante, pois ele soube adaptar muito bem as dicas para a navegação embarcada para a prova de natação, tendo tirado muito proveito das peculiaridades de corrente do local.

Ontem, com muita alegria, recebi esse simpático e-mail:

"Juca, muito obrigado pela paciência e dicas sobre o canal. Sou o de camisa branca em terceiro lugar(categoria) no podium . Fiz 5:04 e o que está em primeiro é meu amigo e fez 4:41. 

Ah, passei no meio dos veleiros atracados e pensei: "- Pô sera que o Cusco está aqui?". Na próxima respirada vi ele!!!"



Meus parabéns para o Felipe e para todos os competidores dessa prova, que definitivamente não é para qualquer um!

Bons ventos!


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Visitas de novembro!

Boas!

Novembro foi o mês mais movimentado da nossa escola de vela. Quase não fiquei em casa aos sábados, domingos e feriados. É trabalho, eu levo a sério como tal, mas é tão divertido que simplesmente não parece. O direito já foi assim para mim, hoje não é mais. Mesmo assim me sinto dividido, com um pé lá e outro cá. Percebi isso muito bem hoje de manhã quando depois de oito dias de "folga" por conta de uma mega emenda de feriado  entrei de novo em um terno e fui arrumar uma briga, feliz da vida, em uma audiência bem tensa e tumultuada. A briga foi bem divertida, com direito a muita ironia, perguntas bem feitas (de lá e de cá) e cartas na manga (só do lado de cá, ufa!). Tudo o que eu gosto na vidinha de advogado: uma bela de uma confusão. Ainda bem que eu não tenho que escolher, pelo menos não ainda...

Dia 10 de novembro recebi a visita do cunhado. E ele nem veio pedir dinheiro emprestado! Fomos ao Cusco para as meninas darem "tchau" e passamos um dia bem bacana. Depois veio a sogra... E ela veio tão legal que até me emprestou um dinheirinho - e a fundo perdido!!! Vai entender esse mundo!

Olivio, o cunhado, com a Bridinha, nossa primeira proeira!

A Almiranta, em rara vista ao Cusco!

Dia 11 dei aula para "aquele cujo nome não pode ser dito", um gringo  todo preocupado com sua privacidade. Para mim será muito fácil cumprir a promessa de não revelar quem ele é, até porque eu não faço a mais vaga ideia.

Veio o feriado e lá no dia 16 reencontrei os já amigos Marcos e Leandro. É incrível, pois dá para fazer a mesma coisa todos os dias e todas as vezes é diferente. Dessa vez em uma hora estávamos bem afastados da costa, com a Riviera de São Lourenço no través... na volta o mar deu uma crescidinha e eu fiquei preocupado com a entrada no canal. O Leandro avisou que não tinha medo (- Que bom! - pensei eu - Porque eu tenho!) e acabou que deu tudo certo, após um pequeno surf. Nesta noite dormi no barco e perdi meu remo de Paraty para a correnteza do canal. Mas não vou contar que mergulhei atrás e não consegui voltar, tendo boiado até as marinas nacionais e de lá voltado a pé, todo molhado e morrendo de frio - e sem o remo, que foi mais rápido do que eu. Isso seria muito mico! Li a perda do remo adorado (pintado com as cores do Rio Grande do Sul da Priscila) como um sinal: é hora de voltar para a terrinha. Paraty, ai vamos nós!


O Marcos não sabe, mas eu gosto de aviação tanto quanto ele! - Mas não tenho brevê.

Ele pensa que eu não vejo, mas o Leandro olha muito para as lanchas que passam... olha o karma, meu amigo! Olha o karma!

Parece estranho, mas quanto menor a costa no horizonte, mais seguros estamos.


Oficialmente as aulas no Cusco Baldoso terminariam ai. Porém fazia alguns dias que outro gringo - o Frederico, italiano mais brasileiro que eu! - vinha telefonando e eu acabei cedendo. No dia 17 dei aula para ele e para seu filho, um guri muito espero de dez anos de idade - o Felipo! E não me arrependi. Voltei no tempo alguns anos, lá em em 2009, quando fiz um charter com o Ulisses, do Coronado (que por muito pouco não foi meu novo barco novo).

Na época perguntei para  se ele não tinha medo de levar gente chata, mala... pois é, nessas horas eu acredito muito em estar em sintonia com o universo. Começa que quem quer velejar já é um ser especial. Quem tem karma mais pesado compra uma lancha (e se for muito barra pesada, um jetski!!!). Velejar não é ir, é estar e é mais do que isto, é bem estar! E nisso tive muita sorte ao longo desse ano, pois só encontrei gente bacana e aprendi muito com todos eles. Sem exceção.

Capitão Frederico, futuro mestre cuca da nossa escola de vela...


... e o valente Felipo, que tratou logo de ocupar o lugar preferido da Brida!

No dia seguinte faríamos o módulo II e veio apenas o Frederico. Íamos para o mar, mas lá fora estava bem picado, o motor cavitava muito e um pescador fez sinal de que a coisa não estava legal. Até dava para ir, mas eu sentia lá dentro de mim que devíamos voltar. Não sei se minha cabeça já estava nos novos rumos, se o mar estava realmente ruim ou o que foi... só sei que olhei lá para fora e não gostei. Pedi desculpas para o meu novo amigo (que ganhou uma aula extra) e voltei, convicto de que fiz o que era certo. Vai saber, não é?!

E vamos que vamos, no pano mesmo!




domingo, 4 de novembro de 2012

Empinando Pipa...

Boas!

Finados, como não poderia deixar de ser, foi um feriado cinzento e de pouco vento. 

A sexta-feira até que começou promissora. Dei aula para duas figuras especiais, o Leandro e o Antonio Marcos (antes seguidores, hoje personagens deste blog!). Iniciados os trabalhos e durante um repentina estiagem o vento entrou, embora um pouco tímido. Fizemos algumas evoluções quando o Marcos cunhou uma frase genial, que entrou para os anais cuscobaldoseanos: "Estamos velejando com o ar condicionado ligado"!

Leandro e Marcos...

Não sei se Éolo não gostou da brincadeira (eu adorei!), mas o fato é que depois dela o vento acabou. Passamos o resto do dia num jogo de gato e rato, mas vento de verdade, não teve. Faz parte, embora eu fique muito chateado, pois entendo a ansiedade dos alunos. O Marcos estava esperando desde junho, o Leandro pelo menos há mais de um mês (senão a vida toda, pois nunca tinha estado num veleiro)! Velejar é assim mesmo... aos trancos e barrancos fizemos o básico do módulo I e eles ganharam uma aula extra, cortesia da casa! Só não sei se conto  que depois que eles foram embora, lá pelas 17h00 entrou um ventinho de respeito... melhor deixar assim, em segredo.

Sem vento...

Acabei dormindo no barco, para fugir do trânsito do feriado, coisa que não fazia desde Paraty. Sofri um bocado. Ali para os lados da Marina Tchabum tem uma discoteca e o pessoal vai de lancha para lá. A madrugada toda foi sacolejando para lá e para cá, ao som de muita música! Às cinco da manhã, quando consegui dormir um pouco e sonhava com o robalo de 18,8kg pescado no dia anterior (e em exposição lá na Chinen), fui acordado por batidas de remo de um barquinho de pesca...  Pois é, dormir é para os fracos!

No dia seguinte o céu continuava púmbleo. E eu duplamente preocupado: com a falta de vento do dia anterior e em garantir que nada de errado acontecesse com meus alunos Wander e a Cris, aqueles que estavam a bordo quando o motor de popa caiu no mar! Tudo tinha que ser perfeito, até porque íamos para o mar (Módulo II).


Wander e Cris...

Na saída do canal encontramos o Marcio, do Velejando com Deus, levando o Fernando Previdi e família (até a sogra foi!) para aprender a tocar um catamarã de enormes proporções. Eles estavam voltando, forte sintoma da falta de vento que se avizinhava. Pronto, mais uma aula extra?!

Velejando com Deus!


Não!!!!

Ventou. Muito pouco, pouco mesmo, mas ventou. Nos arrastávamos a meio nó quando tive a ideia de subir a pipa!!! Estávamos de través, o mar estava baixo e não vi muito risco em subir a gennaker. Pronto! Sem nenhum sutiã a vela subiu bonito e nossa velocidade foi lá para seus dois nós, com picos de três e meio!

Em um final de semana de frases de efeito a Cris, inspirada pelo dramin e em um momento de sinceridade desmedida soltou um belo: "Ah, velejar é divertido!"

Ufa! Missão cumprida! Sempre digo que velejar tem ser divertido, se não for tem algo errado.






Não sei se são meus olhos, mas acho essa vela a coisa mais linda do mundo!

Esse mês tenho aulas todos os finais de semana e, ao mesmo tempo, estou em um processo de despedida do Cusco que talvez vingue. Por agora só posso dizer que o atoll 23 é um veleiro sensacional e que fez de mim um velejador muito melhor!

E vamos no pano (colorido) mesmo!