domingo, 24 de março de 2013

Uma pessoa "ou"...

Boas!

Continuando a postagem anterior, quem não percebeu grandes defeitos na vela mestra postada (a segunda foto) não está ficando louco. Ela realmente não tem nada de muito errado. Pelo menos não ainda...

Aquela foto foi tirada nos primeiros minutos de velejada e sob vento fraco. Se é verdade que mar tranquilo não faz bom marinheiro, pode-se dizer, talvez, que vento fraco não entrega vela ruim.

Sob ventos de quinze nós e após um par de horas velejando, a situação daquela vela é bem diferente. A barriga se acentua - tudo o que não ser quer em ventos mais fortes. Com isso o barco aderna mais, orça menos e o equilíbrio do leme fica prejudicado. Além disso a valuma treme como gelatina (em especial próximo ao tope, e não tem puxada no rabo da bixa que dê jeito!), tornando o fluxo de ar turbulento e menos eficiente.

Para um passeio numa brisinha de final de tarde essa vela está ótima. Mas para algo mais sério, não. E o Malagô é um veleiro escola...

A vela antes...

... e depois do vento.                                                     



A pergunta que fica, então, é: o que fazer?!

Velas novas é a resposta óbvia. Mas no momento eu sou uma pessoa "ou", não uma pessoa "e". Se você não sabe ainda, uma pessoa "ou" faz uma coisa, "ou" outra;  já uma pessoa "e" faz uma coisa "e" outra "e" outra "e"outra... E se eu mandar fazer uma vela mestra nova, acabo com meu orçamento com apenas um item.

Mesmo uma vela em Prolan e com toda a ajuda (leia-se assessoria técnica e um mega descontão, bem "ão) que o Arnaldo Andrade, da Cognac Velas me ofereceu, sairia ainda pesada demais. No bolso!

Sobre o "prolan" vou aqui abrir um pequeno parênteses (e sem qualquer comprometimento com o Arnaldo, pois o descontão, mesmo bem "ão", eu acabei não podendo aceitar). De todas as críticas que fazem ao material eu só concordo com uma: dura menos que uma vela de dracon. 

Mas a pergunta que deve ser feita é: o que é durar menos? Em uma vela, penso que mais importante do que o tecido durar anos, é ele manter suas características elásticas por bastante tempo. Essa minha vela mestra, por exemplo. Aposto que tem mais de vinte anos. Mas de que adianta, se sua forma já foi para o espaço, faz tempo? Durar vinte anos, mas sem as características dos dois primeiros, não é uma vantagem lá muito vantajosa.

Não tenho preconceitos com o prolan e se fosse fazer uma mestra para o Malagô, faria com esse tecido, a um custo de 1/3 de uma vela de dracon. Fazendo outra conta, pelo preço de uma vela de dracon eu poderia, por exemplo, fazer três de prolan e ter uma vela nova por ano, durante três anos... Essa conta fecha, pelo menos para mim.

Voltando ao assunto do post, se fazer uma vela nova  agora (mesmo de prolan), não é a melhor ($) solução, qual seria esta, então?!

Simples: mandar a vela para um "spa": puxa daqui, puxa dali, reforça aqui, reforça acolá... Além disso tenho planos de mandar colocar talas inteiriças (full battens), o que além de diminuir naturalmente a barriga, conserva o formato da vela por mais tempo e lhe confere melhor eficiência aerodinâmica. Isso sem falar que os enroscos no lazy-jack deverão diminuir de sobremaneira (haja paciência para isso!)

Essa solução me agradou um bocado, mas (sempre essa adversativa, não?) a pergunta que fiz logo em seguida foi: vale a pena fazer isso nessa vela?!

Foi então que eu gritei: eureka!

Nessa não vale. Mas e "naquela outra ali"?




Pois é. No início de abril vou mandar essa vela para Itaboraí/RJ, para a oficina do Seu Arnaldo Andrade (não, não somos parentes). Já estabelecemos como premissas, além dos battens, encurtar um tanto a testa e subir um outro tanto o final da esteira, subindo a retranca - mas sem sobras de tecido incômodas. 

Nisso sobrou verba para uma gennaker noivinha em folha, com 80 metros quadrados. Mas isso é assunto para um outro post.

E vamos no pano mesmo!


Sem comentários:

Enviar um comentário