quinta-feira, 28 de maio de 2015

O mais legal da vela...

Boas!

Dia desses eu estava conversando com o Adriano Plotzki, produtor da websérie #Sal sobre vela e constatamos que uma das coisas mais sensacionais disso é que se você for fã do Amyr Klink, por exemplo, pode com algum esforço e planejamento fazer a mesma coisa que ele: seja dar uma volta ao mundo, seja ir só até ali. Isso não é algo comum em outros esportes ou atividades. Os fãs do Louis Hamilton não terão muita chance, muito provavelmente, de pilotar um F-1. Já eu, que sou um Zé Mané da vela, já competi em regata contra o Torben Grael e o Lars Grael (Ubatuba Sailing Festival 2014, a bordo do SuperBakanna) - claro que a surra foi homérica, mas essa é outra história.

Ontem mais uma vez isso me ficou muito claro. A ABVC Santos trouxe a navegadora Izabel Pimentel para falar um pouco sobre sua trajetória e lançar o livro Águas Vermelhas. Então, cinquenta pessoas de repente estavam ali, pertinho de alguém que fez algo incrível e sendo incentivados a fazer algo assim também. Na palestra havia gente, aliás, que realmente tem esse projeto, como o Almeida do veleiro Marapé e o Cassio, do Serelepe. Ontem eles estavam na plateia; daqui a alguns anos eles serão os palestrantes. Eu acho isso sensacional.

Mas nem tudo são flores. Nos útlimos dias têm acontecido algumas coisas que me fizeram lembrar que a vela é feita também por pessoas e gente é sempre gente. A ideia do velejador cordial é tão verdadeira quanto o mito do brasileiro cordial. Gente é gente, sempre, com toda sua complexidade, beleza e mediocridade (num mesmo pacote).

Ainda assim é algo que me dá um imenso prazer, ainda mais quando me faz lembrar da época do Athena. 

Entre 2003 e 2007 eu tive um curso jurídico aqui em Santos. Começamos despretensiosos e terminamos trazendo importantes juristas para compor o quadro do docentes.  Mas organizar a vinda de um palestrante sempre mexe com os nervos da gente. Até a pessoa estar ali, o coitado do organizador nunca fica sossegado. A Izabel me fez ter algumas emoções fortes nesse sentido, mas às 19h30 estava lá, como combinado. O desassosego do organizador, na imensa maioria das vezes, é algo que existe apenas na cabeça dele. A palestra foi um sucesso!

Eu, nos tempos do Athena, com o Desembargador Luiz Lobo...

... e com o então Ministro do TST, Gelson de Azevedo.

E ontem...

... em Santos ...

... com a Priscila e a Izabel Pimentel.


E vamos no pano mesmo!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Velejando sob vento noroeste

Boas!

Cada região tem seu microclima e seus ventos predominantes. Aqui em Santos os ventos que predominam vêm de quadrante sul, vindo assim das direções sul, sueste e leste. A costa entre o Cabo Frio até Cananéia tem um alinhamento diferente daquele por nós imaginado, estando disposta em um eixo leste-oeste, ao invés de norte-sul como no litoral da Bahia, por exemplo. Por isso, se você seguir para mar aberto em um rumo que seja perpendicular à linha da praia irá para a Antártida e não para a África. Em contrapartida, se por alguma razão sentir-se perdido ou desorientado, basta por a proa na direção do norte que cedo ou tarde chegará em alguma terra. 

Nesse cenário o vento noroeste é muito particular em nossa região. Vento quente e seco, ele vem das montanhas da serra do mar e sopra com vontade. É um vento difícil de ser dominado, pois a diferença entre o vento predominante e as rajadas é grande. Ontem, por exemplo, havia previsão de ventos de 5 nós, com rajadas de 20. É muito difícil achar uma regulagem que permita o barco velejar bem a 5 nós e receber a rajada (que passa bastante rápido) sem que alguma alteração no arranjo seja necessária, mesmo que breve. A tripulação, assim, trabalha bastante. Outro detalhe fundamental do vento noroeste é que ele anuncia a chegada de uma frente fria. Então não se engane com o tempo ensolarado, calor e céu sem nuvens: vem "porrada" por ai!

A despeito da previsão ontem terminamos a instrução básica do Rogério e do Marcio no Fratelli. O vento vinha na casa dos 7 nós e as rajadas eram de 14. O Delta 36 é um veleiro que aguenta bastante vento e não precisamos fazer nada além de orçar um pouquinho durante as rajadas, sendo isso o suficiente para estabilizar o barco.

Da esquerda para a direita: Márcio, Marcelo (o Estagiário) e Rogério.
Deixamos a barra de Santos às 11h00, fomos até a Ponta do Itaipu e de lá seguimos em um bordo praticamente único até a Ilha da Moela. Houve alguns momentos de calmaria - o que também é típico do noroeste -, mas nada que tenha atrapalhado cumprirmos o programa. Às 15h10 já estávamos na marina.

Agora estamos nos preparativos para irmos até Angra dos Reis participar do Encontro Anual da ABVC, dia 04 de junho. O plano é sairmos de Santos e irmos até Angra direto, passando por fora da Ilhabela. Faz tempo que eu não faço uma navegada de maiores proporções e confesso que estou um bocado ansioso. O Spinelli fará o mesmo, saindo de Ubatuba e você pode participar dessa travessia, é só falar com a gente: cuscobaldoso@gmail.com. 

E vamos no pano mesmo!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Palestra Izabel Pimentel em Santos

PALESTRA COM IZABEL PIMENTEL E LANÇAMENTO DO LIVRO ÁGUAS VERMELHAS EM SANTOS!
Dia 27/05/2015, quarta-feira 
19h30 
Sede Social do Clube Internacional de Regatas
Inscrições gratuitas!


A velejadora Izabel Pimentel tem mais de 66 000 milhas navegadas em solitário. Primeira mulher da America Latina a completar uma Volta ao Mundo em solitário, passando pelos 3 mais temidos cabos: Cabo da Boa Esperança , Cabo Leeuwin e Cabo Horn. De 21 pés fez duas travessias Brasil-França e três travessias França-Brasil, em solitário. Primeira brasileira a participar da regata Transat 6.50, Regata de veleiros de 21 pés da França ao Brasil. Possui 5 livros: « Brasil e Portugal a remo », « A Travessia de uma mulher », « Muito além de uma escolha » “Aguas vermelhas” e « A canoa e o vento »
Realização: ABVC Santos 
Apoio: Cusco Baldoso Escola de Vela Oceânica e Clube Internacional de Regatas


terça-feira, 19 de maio de 2015

Victor Otanõ

No ano de 2002, com a economia de seu país arrasada, o argentino Victor Otaño usou o único recurso financeiro que lhe restou (seu cartão de crédito), comprou toda a água e comida que pôde (não foi muito) e embarcou em seu minúsculo Van de Stadt de 21 pés de nome Marangatu com destino ao Brasil.

Subiu a costa em solitário, sem piloto automático ou eletrônicos (nem mesmo GPS), até chegar em Angra dos Reis, onde se instalou na Vila do Abraão, na Ilha Grande. Passou algumas necessidades, até que finalmente foi contratado pela empresa Angra Charter.

Há algum tempo, vendo que seu ciclo no Brasil havia terminado, pegou seu barquinho e começou seu retorno para a Argentina. Dia desses, em algum lugar entre Colônia e Montevidéu, no Uruguai, morreu dormindo na casa de parentes que visitava. Estava forte e lúcido. Foi em paz e não sofreu. Victor Otaño merece todo nosso respeito: era um velejador de verdade.


Fotos: Rico Floriani.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Turmas de maio...

Boas!

Sábado passado continuamos a instrução de nossas turmas de maio. Depois dos cursos feitos no feriado em Guarujá e em Ubatuba, formaram-se mais duas turmas, aos sábados, em Guarujá. Para evitar excesso de lotação nos barcos e perda de rendimento, dividimos o pessoal na Turma Alfa, composta por Elder, Rogério, Fabio e Victor e Beta, formada por Artur, Armando e Carlos. A Turma Alfa fez aulas comigo, no Fratelli (Marcelo Damini) e a Beta com o Alan, no Meltemi. Ainda esse mês as duas turmas completam o curso básico, faltando agora apenas a volta a Ilha da Moela para cumprirem o programa.







Já no Malagô as obras continuam. Agora cuidamos da beleza interior. Para ajudar o Walnei, que (re)fará a parte elétrica, eu passei o dia de ontem desmontando tudo. Literalmente. Fora os cabos do motor toda a fiação, painel antigo, VHF, CD, Luzes e etc. foram retirados de dentro do barco.  Além disso montei, eu mesmo, a bomba injetora do Control que havia retirado para manutenção na Borsch. Ao longo dessa semana trocarei algumas mangueiras e com alguma sorte na sexta-feira ligarei o motor novamente, sem auxílio externo - tomara Deus!

E vamos no pano mesmo!


terça-feira, 12 de maio de 2015

Gajeiro

Boas!

Um dia desses achei que seria uma boa ideia criar uma página no facebook que alertasse a comunidade náutica sobre os avisos de mau tempo emitidos pela Marinha do Brasil.  Assim que eu lancei a página, voltada apenas para as áreas Charlie e Bravo, o Walnei Antunes (do veleiro Vivre) me procurou e disse que planejava criar um APP que enviasse para qualquer dispositvo móvel esses mesmos avisos, e para todas as áreas. 

Como não poderia ser diferente eu achei a ideia sensacional, pois o usuário não precisaria logar no facebook para ter acesso a essa informação, que acabaria também se perdendo diante de tantas outras postagens (e quando a gente está no mar e encontra sinal, quanto mais rápida e despoluída for a informação, melhor).

Nisso coloquei o Walnei como co-administrador da página e ele desenvolveu um software que monitora os avisos da Marinha e os publica na página Avisos de Mau Tempo Àreas Charlie e Bravo: entrava em cena na web o Gajeiro (isso me deu um certo alívio, pois quando criei a página acreditava que teria que alimentar os dados manualmente!).



Agora o projeto do Walnei, após muitos testes em nossa página, ganhou pernas próprias. Está disponível para download na Google Play e monitora todas as áreas cobertas pela Marinha do Brasil (o usuário escolhe os avisos de que área deseja receber). A versão Beta já está no ar e permite uma avaliação por trinta dias. Após o usuário deve pagar uma quantia de R$ 9,90 por ano, para ajudara manter o serviço. Agora eu estou pegando no pé dele para sair logo a versão iOS, pois eu também quero um em meu celular!

Baixe já você também!

E vamos sendo avisados mesmo!



terça-feira, 5 de maio de 2015

- Moço, traz uma foto que a gente faz igual...

Conta a história que uns gringos chegaram em uma praia do nordeste e procuraram um mestre construtor naval para fazer um barco de madeira.

Procuraram, procuraram, até que encontraram o estaleiro: na praia, sob uma cobertura de palha. O mestre, que nem mais pele tinha, mas um couro curtido pelo sol, só sabia coçar a barba branca enquanto aquele povo que falava esquisito mostrava uma série de plantas com desenhos técnicos, cheios de detalhes. 

Já cansado daquela conversa, ele foi direto:

"- Moço, traz uma foto que a gente faz igual".

Houve um silêncio. Meio incrédulos, a gringaiada tratou de mostrar a tal da foto. Tempos depois, tendo a foto e um graminho para guiá-lo, o barco nasceu... 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Vivaaaaa!!!

Boas!

Pensem em uma criança feliz. Mas muito feliz! Pois essa criança era eu no sábado a tarde. Era nossa segunda aula com o Felipe, a Luciana, o Genésio (digo, Rodrigo!) e a Simone. Depois de salvarmos a defensa ao mar de uns trinta afogamentos fomos abordados pelo nosso arque rival, o Viva (outro Fast 230). Já há algum tempo ele vem nos "chamar para a briga" sempre que estamos pela baía e há alguns meses ele tem nos dado surras homéricas, disparando na frente sem que haja uma explicação muito óbvia. Isso tem me incomodado um pouquinho, devo confessar: um barco igual, com velas piores, andar mais que você é sinal de incompetência de alguém... e esse alguém não é "ele", mas "eu"!!!

Pois bem. Quando ele nos passou estávamos voltando para o canal em orça apertada. Vento de leste, dez nós com rajadas de quinze. Retiramos o rizo da vela mestra, feito apenas para demonstração e nos pusemos no encalço. O Felipe no leme e o resto da tripulação mandando muito bem nas escotas.

Como ao fazer o que sempre faço em matéria de regulagens não estava dando certo há meses, eu resolvi arriscar fazer tudo diferente. Uau! Percebemos que estávamos alcançando o veleirinho que sofria com uma vela de proa maior do que a que era adequada para o vento e pela falta de escora (ele estava em apenas dois tripualntes). Já o Grandpa voava com a excelente condução do Felipe e com a maravilhosa escora de todo o resto da tripulação. 

A praia ia se aproximando e nós decidimos que só iríamos dar o bordo quando ele desse. Ele estava a nossa frente, mas caiu para sotavento. A praia foi chegando, chegando e eu disse: "- Bom, ele encalha primeiro!". Ele também percebeu isso e acabou dando o bordo. Nós demos também e finalmente o Grandpa ultrapassou o Viva! Foi um momento de glória, mas ainda não havia acabado. Ele veio para cima da gente com tudo. Nossa estratégia foi fechar a proa dele, arribando. Várias foram as quase colisões e a tripulação foi ao delírio. Nessa guerra de nervos ele não aguentou e arribou. Nisso nós orçamos mais e dai por diante foi apenas abrir vantagem até chegar ao clube, primeiro!


Quero muito agradecer ao Felipe, à Luciana, ao Genésio e à Simone, pois essa hora final me ensinou muito sobre o barquinho. Foi uma velejada sensacional!


E vamos no pano mesmo!

Curso básico de vela oceânica em Ubatuba, 01 a 03 de maio

Boas!

No último final de semana prolongado realizamos mais uma turma do curso básico de vela oceânica em Ubatuba, a bordo do veleiro Soneca, do Tio Spinelli. Foram três dias de total imersão na vela oceânica,  com pernoite a bordo. Na tripulação os valentes e intrépidos Dimas e seu filho Vinícius e o casal Ronaldo e Juliana.

Vinicius, Ronaldo e Juliana.

Juliana, Vinícius e Dimas.

Juliana, feliz da vida após se tornar especilista em resgate de homem (ou bóia?) ao mar!
Uma das grandes vantagens da base Ubatuba: como o local é extremamente agradável, o pernoite a bordo é um item a parte que fica na memória dos nossos alunos, assim como o tradicional "papo de popa". Além disso não há custo adicional e o valor do curso fica muito mais em conta do que uma estadia de três dias em uma pousada. 

Por isso desde o mês passado temos realizado um intensivo do curso básico em Ubatuba nos feriados prolongados e será sempre assim. Para quem vem do interior de São Paulo, de outros estados ou para quem quer curtir as mais bela região do litoral paulista não existe opção melhor. Programe-se!

E vamos no pano mesmo!

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Da águas viestes, para a água retornarás...

Boas, muito boas!

O Malagô deveria ter descido ontem, dia 30. Mas decidi dar mais um mão de tinta envenenada, por isso ele só desceu hoje, às 14h00. No momento da descida eu estava dando aula de vela para uma turminha muito bacana, dois casais: Felipe e Luciana, Rodrigo e Simone.  No final foi melhor assim, pois eu não me aborreci. Pelo contrário, me diverti bastante com esses quatro enquanto o pessoal do estaleiro me entregava o barco lá no clube (pois é, rolou até um delivery!).

O vento estava fraco, mas ainda assim andamos bem para lá e para cá, orçando bastante. Havia alguma ondulação, reflexo de uma ressaca e a Luciana, que está grávida de dois meses, enjoou um pouquinho. Mesmo assim ela foi firme e forte e concluímos o programa da aula no horário. Amanhã eles farão a segunda aula comigo e no domingo, com o Alan. Ao mesmo tempo, em Ubatuba, o Tio Spineli levava outra turma do curso básico para o mar: Dimas, Vinícius, Ronaldo e Juliana. 

Durante o mês de maio terminaremos de restaurar o mastro e depois trabalharemos no motor. Pedi também ajuda ao Walnei, do Vivre, para refazer a parte elétrica e ele topou. Até julho estaremos velejando de Malagô novamente e em dezembro devemos soltar as amarras para aquela viagem, mas isso é assunto para outro dia...

E vamos no pano mesmo!


Último dia na carreira do estaleiro...

... últimos detalhes da pintura.

Porão cinza e seco!

Rodrigo.

Luciana (à esquerda da foto) e Simone.

Felipe.

Velejando de Fast 230

Eu, meu clareamento dentário e minha valente tripulação, que não me fez fazer nada!

O Malagô voltando para o clube, em foto do Sr. Augusto.

Da água viestes, para a água retornarás!